quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os Donos da Noite: o melhor de Gray

We Own the Night, 2007 - Direção: James Gray

James Gray veio chamar muito a atenção da crítica com seu recente "Amantes" - um tanto superestimado, diga-se de passagem -, em 2007, com "Donos da Noite", drama urbano que utiliza de um roteiro quadradinho para reforçar a força que cada um de seus personagens tem, passara quase despercebido pelas premiações pelo mundo.

"Donos da Noite", se passa em Nova York, ano de 1988, quando uma nova droga invade a cidade, trazendo no seu rastro uma onda de crimes aterradora, Bobby Green (Joaquin Phoenix) está num fogo cruzado. Ele é o gerente de uma discoteca freqüentada por gângsteres, mas pretende não se envolver. Apesar do estilo de vida amoral e hedonista, ama sua noiva e sonha abrir sua própria discoteca. Mas Bobby tem um segredo muito bem guardado: seu irmão é um tenente de polícia, que segue os passos de seu pai, o lendário chefe de polícia Burt Grusinsky (Robert Duvall). Bobby não se dá bem com eles e a relação piora quando seu pai o adverte que é uma guerra e que ele deverá decidir de que lado está.

O grande mérito do jovem diretor judeu, ruivo, e com cara de nerd, em "Donos da Noite", é conseguir até de atrizes como a somente bela Eva Mendes conscistentes atuações. O rapper Mark Wahlberg na pele do polícial Joseph Grusinsky , irmão de Bobby, aqui, despe-se de toda aquela caricatura exagerada de policial que fizera em "Os Infiltrados" do mestre Scorsese. É interessante perceber, como a gritante semelhança entre os dois personagens que Wahlberg é resignificada por Gray, sem os exageiros desnecessários, sem a rajada ensurdecedora de palavrões do personagem criado por Scorsese.

Todavia, a Anna Karina de Gray é Joaquin Phoenix. Em "Amantes" a análise é ainda maior em torno do personagem interpreta, em "Donos da Noite", tal com acontecera com Michael Corleone em "Poderoso Chefão: Parte I", o personagem sofre uma mutação de princípios, torna-se um outro, tão ou mais identificado com o público.

Os filme de Gray carregam uma simplicidade imprecionante no trato narrativo, não há labirintos nem grandes estipulias demasiado herméticas na obra de Gray. O que importa é uma boa história com personagens inesquecíveis, que tenham uma vida própia no universo do filme. Estereótipos - traficantes, por exemplo - estão lá, eles são necessários a qualquer filme.

As trilhas sonoras dos filmes de Gray são no mínimo, encantadoras, embalam a trajetória geralmente noturna que seguem os personagens de Gray pela Nova York sobretudo judia no qual Gray ambienta seus filmes. Em "Donos da Noite", a fotografia que utiliza muito de tons dourados é precisa no que se refere a uma ambientação, a criar uma identidade para a obra, bem como também para reforçar o clima daquelas frias noites nova yorkinas.

Vendo hoje, "Donos da Noite" realmente marca pela bela história que consegue transmitir com maestria, mais ainda, por nos fazer perceber o quão interessante pode ser um personagem bem construído. Gray fez sua obra-prima.


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