sábado, 9 de janeiro de 2010

Hitchcockiando com De Palma

Dressed to Kill(1980), Direção: Brian De Palma

Instigante. Tenso. Cinematograficamente bem trabalhado, tais adjetivos sempre marcaram a longa lista de filmes de De Palma. Ao cineasta, também, foi imputado o tírulo de "herdeiro de Hitchcock". Mesmo assim, diante de referências explícitas aos trabalhos do "Mestre do suspense", De Palma ainda revela-se um diretor dos mais brilhantes, sobretudo, pela sólida carreira que construiu.

Dressed to Kill (Vestida para Matar) é um de seus melhores trabalhos, um dos que De Palma escancara ao máximo a influência de Hitch em seu modo de fazer cinema. Entretanto, a proeza de Dressed to Kill é a de maximizar grandes trunfos de filmes como Psycho, 1960 e Vertigo, 1958. O processo se dá não apenas através da narratividade semelhante - nesse caso a um simbiose perfeita dos filmes de Hitchcock -, mas também, cenas - a cena do museu de Vertigo, a do chuveiro de Psycho -, trilha Sonora - um excelente trabalho de Pino Donaggio, detalhes de câmera - Hitchcock tinha especial atenção em dar closes em detalhes importantes, que indicariam o futuro da cena -, bem como também, a utilização (perfeita nesse caso) do Split screen, além das loiras geladas e da bipolaridade (lembrem-se de Psycho).

A história fala de um terapeuta, Dr. Robert Elliott, que se vê em um difícil momento quando um psicopata mata uma de suas pacientes uzando uma navalha de seu consultório. Encaminhando-se nessa trajetória e despejando referências a Hitchcock, De Palma construira uma intricada trama, com muita sensualidade e mistério, sempre com uma invejável perícia técnica. O roteiro intricado, faz de cada personagem um mistério a ser revelado em tela. A trilha sonora acompanha com participação efetiva nos acontecimentos que ocorrem, sendo parte fundamental para que possamos sentir a intensidade das cenas. Interessante, é que no meio disso tudo, o diretor ainda encontre tempo para através do belíssimo trabalho de Fotografia, filmar uma Nova York em fim de tarde divinamente.

Com atuações interessantes, vemos a sempre bela Angie Dickson ( Kate Miller), - de Rio Bravo, onde ela está ainda mais bela e soberba - em uma atuação eficiente e despojada, mostrando sexualidade e talento ao transmitir com maestria o tipo de personagem necessário ao filme. Michael Caine, mostra-se dinâmico em um papel mutável, como é o Dr. Elliot. Além desses, cabe ressaltar a bela e sensual Nancy Allen, precisa desde o momento em que aparece no filme.

Muito além do que mera referência, De Palma é um diretor de estilo própio, que tem talento em criar cenas de suspense herculíneamente assustadoras. Dressed to Kill, nesse sentido, destava-se como uma obra a ser admirada em seus mais instigantes detalhes.


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